Quando ser diferente me ensinou a ser inteira

Na escola, eu era a “gordinha”. Nunca fui a mais convidada, a mais procurada ou a que fazia parte do grupo popular. O bullying que sofri por causa da minha aparência me isolou. E, com isso, veio a solidão. Por muito tempo, a falta de amigos foi um buraco difícil de ignorar. Eu via os outros formando laços, trocando confidências, e me perguntava se algum dia eu também teria esse tipo de afeto.Mas, em casa, eu tinha um aliado. Meu pai. Ele nunca me deixou esquecer que eu era mais do que diziam na escola. Sempre exaltou minhas qualidades — dizia com orgulho que eu era uma excelente aluna, que minhas notas eram impecáveis. Ele se emocionava com minha inteligência, minha dedicação, meu jeito observador e cuidadoso com as palavras. E havia algo que ele nunca cansava de admirar: meu cabelo. "É lindo demais para você cortar", ele dizia. E, por respeito a ele, eu obedecia — talvez porque, naquele elogio persistente, eu encontrava uma forma de amor e proteção que o mundo lá fora me negava.Cresci com poucos amigos, e essa realidade me moldou. Mas, ao invés de me endurecer, isso me fortaleceu. Aprendi a me bastar, a valorizar vínculos verdadeiros e a perceber que não preciso estar cercada de aplausos para saber que sou valiosa.Na vida adulta, o evangelho completou esse ensinamento. Quando comecei a olhar para Jesus com mais profundidade, percebi algo poderoso: nem Ele buscava aprovação. Jesus nunca se preocupou em agradar multidões. Ele ensinava com amor, acolhia os que se aproximavam — como fez com Zaqueu, com a mulher samaritana, com Nicodemos que veio à noite —, mas não forçava ninguém a permanecer. Ele pregava para quem quisesse ouvir. Chamava, mas não implorava. Amava, mesmo quando era rejeitado.Esse exemplo me libertou. Entendi que minha essência não depende da aceitação alheia. Que posso viver com propósito mesmo que não seja compreendida por muitos. Que não preciso me moldar para caber em lugares onde meu coração não se sente seguro.Hoje, eu celebro quem sou. Não porque o mundo me aplaudiu, mas porque aprendi — com meu pai e com Jesus — que há beleza em ser quem Deus me criou para ser.

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