Conflitos, separações e a correção de Deus


“Mas eu estava certo!” — exclamou Edmundo, ainda ressentido.
“Estar certo não é tudo”, respondeu Lúcia com tristeza. “Às vezes, o amor é mais importante.”
(As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, C.S. Lewis)

Essa breve troca entre irmãos em Nárnia nos lembra de uma grande verdade: mesmo quem nos é próximo pode nos ferir, decepcionar — e mesmo assim continuar sendo parte da nossa história. O amor exige mais que ter razão. Exige graça, humildade e, às vezes, a coragem de enfrentar o conflito.

Na caminhada cristã — seja em família, amizades ou no ministério — os desentendimentos são inevitáveis. Mas... o que a Bíblia tem a nos ensinar sobre isso?


Irmãos em conflito: um retrato bíblico

Desde o início da Bíblia vemos conflitos entre irmãos: Caim e Abel, Jacó e Esaú, José e seus irmãos. No Novo Testamento, Paulo e Barnabé discordam a ponto de se separarem. Paulo também repreende Pedro publicamente por sua incoerência em relação aos gentios (Gálatas 2:11-14).

Essas histórias mostram que divergências não são sinais de fracasso espiritual, mas oportunidades para crescimento, arrependimento, perdão e até novos começos.


Deus ama a unidade — mas Ele também permite confrontos

“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Salmo 133:1)
“Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos.” (Romanos 12:18)

Deus se alegra quando vivemos em unidade, mas Ele sabe que às vezes, para restaurar a verdadeira comunhão, é preciso que a verdade venha à tona. Há momentos em que Ele mesmo permite (ou provoca) os conflitos para nos corrigir.


Quando é Deus quem permite o conflito

“Eu repreendo e disciplino a todos quantos amo.” (Apocalipse 3:19)
“Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.” (Hebreus 12:6)

Conflitos podem ser instrumentos divinos de refinamento.

  • Deus enviou Natã para confrontar Davi.

  • Permitiu que Paulo enfrentasse Pedro.

  • Corrigiu Jonas por sua insensibilidade.

  • Usou o arrependimento dos ninivitas para expor o coração duro de um profeta.

Conflito que cura é diferente de contenda que destrói. Quando nos submetemos à correção com humildade, o resultado é amadurecimento e restauração.


E quando há separação?

Mesmo com arrependimento, nem todos os relacionamentos voltam a ser como antes. Às vezes, os caminhos realmente se separam — e isso também pode estar sob a soberania de Deus.

A separação entre Paulo e Barnabé não impediu o avanço do Evangelho. Pelo contrário, formaram-se duas frentes missionárias. Mais tarde, Paulo reconheceria o valor de Marcos (2 Timóteo 4:11), o jovem que motivou a discordância inicial.

Deus pode usar até os afastamentos para cumprir seus propósitos. O importante é que sigamos com o coração limpo, sem amargura, com disposição para perdoar e deixar portas abertas à reconciliação.


Que tipo de pacificador você está se tornando?

“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9)

Nem sempre a reconciliação depende apenas de nós, mas a postura de paz e humildade, sim. Deus não nos chama para agradar a todos, mas para sermos fiéis, sinceros e cheios de graça.

Se hoje você está vivendo um conflito, ou lidando com uma separação difícil, pergunte-se:
“O que Deus está querendo tratar em mim com tudo isso?”

Talvez o atrito esteja revelando orgulho, carência, medo, dureza… ou talvez Ele esteja te reposicionando para um novo tempo. Confie. Deus corrige quem Ele ama — e restaura com mãos de ternura.






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