A escrita como expressão da alma e instrumento de transformação



“Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo.”
(Habacuque 2:2)

Recentemente, alguém me disse que “não adianta escrever um artigo por semana”, falando a respeito de minhas publicações no Blog devido a um problema que temos enfrentado. Essa frase ecoou dentro de mim. Foi como uma provocação — não no sentido negativo, mas como um chamado. Desde então, tenho sentido Deus falando comigo de maneira intensa, e as palavras simplesmente têm fluído. Tenho escrito praticamente um texto por dia 😉. Não por vaidade, mas porque há algo maior me impulsionando. Há algo urgente a ser dito.

Também ouvi críticas sobre o que escrevemos no WhatsApp ou em nossas redes sociais. Dizem que devemos tomar cuidado com o que publicamos — e sim, é verdade que devemos exercer sabedoria. Mas enquanto cristãos, sabemos que não é o que entra pela boca (ou pelos olhos) que contamina, e sim o que sai do coração. A forma como interpretamos o que lemos diz mais sobre os nossos próprios olhos do que sobre as palavras em si. Se os olhos forem maus, tudo o mais será distorcido. A crítica ao uso das redes sociais é constante, mas será que o problema está mesmo nas ferramentas... ou em quem as utiliza?

Ao longo da vida, também ouvi que sou “grossa” por ser direta e objetiva. Já me culpei por isso. Já tentei suavizar uma habilidade que é parte de quem sou. Mas hoje entendo que não há erro em falar com clareza. Ser direto não é falta de amor — é honestidade. É coragem de dizer o que precisa ser dito, com verdade e responsabilidade. Nem sempre agrada, mas muitas vezes é exatamente o que desperta. Entendi que não devo me desculpar por comunicar com firmeza algo que vem do coração, especialmente quando isso pode trazer luz e reflexão.

Muitas vezes, confundem clareza com grosseria. Mas ser claro e objetivo não é ofender — é, na verdade, uma forma de respeito, pois evita rodeios, mal-entendidos e jogos de palavras. Já me culpei por ser assim, por ter uma comunicação direta, mas entendi que essa é uma habilidade, não um defeito. Quando fazemos uma crítica construtiva ou apontamos algo que precisa ser revisto, não estamos atacando, mas oferecendo uma oportunidade de reflexão e crescimento. O problema surge quando o outro, por estar ferido ou despreparado para ouvir, transforma a crítica em ofensa. E nesse ponto, precisamos lembrar: o modo como a verdade é recebida diz mais sobre quem ouve do que sobre quem fala.

Ser clara e objetiva em minhas palavras não significa que eu sempre tenha razão — essa é apenas a forma que encontrei para me expressar com honestidade e coerência. Por este motivo, acredito ser essencial que todos se sintam à vontade para expor seus pensamentos, mesmo que estejam equivocados, pois é no confronto respeitoso entre ideias que crescemos. Como os filósofos na antiguidade, que buscavam a verdade por meio do diálogo aberto nas praças públicas, também somos chamados, biblicamente, a afiar uns aos outros em amor e sabedoria. Provérbios 27:17 nos lembra: “Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro.” O debate sincero, guiado pela humildade e pela escuta, é um caminho poderoso para a edificação mútua e para o discernimento da verdade.

A escrita é uma das formas mais profundas de expressão humana. Ela revela o que está no coração, transmite ideias, denuncia injustiças, consola o aflito, corrige com amor, ensina e inspira. Quando Paulo escrevia às igrejas, ele apontava erros, exortava, aconselhava — e não foram todos que receberam bem suas palavras. Mas ele desistiu por isso? Não. Graças a Deus ele não se calou. Seus escritos, guiados pelo Espírito, são até hoje socorro, luz e orientação para muitos de nós.

Além do diálogo e da troca de ideias, a Bíblia nos ensina a exercitar a exortação mútua como expressão de amor e cuidado no corpo de Cristo. Exortar não é julgar ou condenar, mas corrigir com mansidão e apontar caminhos melhores à luz da Palavra. Em Hebreus 3:13, lemos: “Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado.” Isso mostra que a verdade não deve ser usada como arma, mas como ferramenta de restauração. Falar com clareza, ouvir com humildade e permitir ser corrigido são atitudes que fortalecem a comunhão e nos mantêm firmes no propósito de viver em Cristo.

Além do aspecto espiritual, até a ciência confirma a força da escrita. A neurociência mostra que o ato de escrever estimula regiões cerebrais ligadas à memória, à criatividade e ao processamento emocional. Quando escrevemos sobre nossas experiências e sentimentos, organizamos nossas ideias, damos sentido ao que vivemos e, muitas vezes, curamos feridas internas. Escrever é uma forma de pensar em voz alta com as mãos. É um exercício de autorreflexão e clareza. Não é à toa que tantos terapeutas recomendam o uso do diário ou da escrita como ferramenta de autoconhecimento.

A escrita não é apenas um dom. É uma missão. E negar essa missão por medo da crítica ou do mal julgamento seria o mesmo que esconder uma lâmpada debaixo da cama.

Escrevemos porque acreditamos. Porque sentimos. Porque ouvimos algo que precisa ser compartilhado. A humanidade se comunica por palavras desde que se entende como povo. Das tabuletas de argila aos textos digitais, a escrita é testemunho, é memória, é profecia. Por isso, se você tem algo a dizer, diga. Se sente algo que precisa ser partilhado, escreva. Se o Espírito tem lhe movido, não se cale.

Talvez nem todos entenderão agora. Mas se for verdadeiro, se for íntegro, se for cheio de vida — suas palavras permanecerão. Elas encontrarão morada onde houver sede. Muitos escritores e pensadores do passado não foram bem aceitos em suas épocas — Jeremias foi rejeitado, Paulo foi perseguido, Jesus foi crucificado, e ainda assim suas palavras ecoam até hoje. Na literatura secular, nomes como Machado de Assis, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Kafka e até Van Gogh (embora artista visual) enfrentaram incompreensão e rejeição em vida, mas suas obras atravessaram o tempo porque continham verdade. A palavra que carrega essência, que nasce da dor, da fé ou da experiência, não precisa de aplausos imediatos — ela apenas precisa ser lançada. O tempo se encarrega de regar o solo certo.

E se uma só alma for tocada... então já valeu a pena.

Versículos de base...

Falar a verdade com amor:

"Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo."
Efésios 4:15

➡ Isso mostra que ser direto não é pecado — a verdade deve ser dita em amor, não escondida.


Ser claro, direto e não se calar:

"Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta, e anuncia ao meu povo a sua transgressão..."
Isaías 58:1

➡ Isaías foi instruído por Deus a falar com clareza, sem se deter. Isso é coragem espiritual.


O que contamina é o que sai do coração:

"Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca, isso é o que o contamina."
Mateus 15:11

➡ Como você mesmo mencionou, Jesus reforça que a contaminação está na intenção e no coração, e não no meio ou formato usado para se comunicar.


A escrita como meio de ensinar e orientar:

"Tudo quanto foi escrito no passado, foi escrito para nosso ensino, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança."
Romanos 15:4

➡ Paulo deixa claro que a escrita tem propósito espiritual e continua sendo válida até hoje.


A correção é ato de amor:

"Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto."
Provérbios 27:5

➡ Ser claro e corrigir com amor é melhor do que se calar por medo de desagradar.


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