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Mostrando postagens de abril, 2025

Quando ser diferente me ensinou a ser inteira

Na escola, eu era a “gordinha”. Nunca fui a mais convidada, a mais procurada ou a que fazia parte do grupo popular. O bullying que sofri por causa da minha aparência me isolou. E, com isso, veio a solidão. Por muito tempo, a falta de amigos foi um buraco difícil de ignorar. Eu via os outros formando laços, trocando confidências, e me perguntava se algum dia eu também teria esse tipo de afeto.Mas, em casa, eu tinha um aliado. Meu pai. Ele nunca me deixou esquecer que eu era mais do que diziam na escola. Sempre exaltou minhas qualidades — dizia com orgulho que eu era uma excelente aluna, que minhas notas eram impecáveis. Ele se emocionava com minha inteligência, minha dedicação, meu jeito observador e cuidadoso com as palavras. E havia algo que ele nunca cansava de admirar: meu cabelo. "É lindo demais para você cortar", ele dizia. E, por respeito a ele, eu obedecia — talvez porque, naquele elogio persistente, eu encontrava uma forma de amor e proteção que o mundo lá fora me neg...

"Pecadores" e o peso de escolher viver

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Em Pecadores, Michael B. Jordan nos leva para uma história onde redenção, escolhas e liberdade se entrelaçam de forma crua e honesta.   O filme desafia a visão simplista de bem versus mal. Ele não pinta o diabo como um monstro óbvio, nem os personagens como santos ou demônios. Mostra, ao contrário, a vida como ela é: cheia de nuances, tentações e dilemas, quebrando de uma vez por todas os paradigmas dos crentes que gostam de colocar a culpa de tudo no tinhoso. Para alguns, a mensagem pode ser direta:   "Tá vendo? Se dançar com o diabo, vai perder sua alma."   E de fato, as consequências são reais. Cada escolha tem um preço. Não existe acordo barato quando se brinca com forças que não se pode controlar. Mas o filme também provoca outra reflexão:   O que é viver, afinal? Para alguns personagens, viver era fazer o que amavam, mesmo que isso significasse pagar um preço alto. Era tocar blues, era buscar a liberdade, era encontrar a própria ...

Autoconfiança

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Você já se sentiu acusado de ser "grosso" ou "orgulhoso" só por dizer o que pensa com clareza? Ou já percebeu que sua firmeza incomoda quem esperava submissão? A personagem Elizabeth Bennet, do clássico Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, é um retrato perfeito disso. Ela é uma mulher inteligente, segura de si e com valores bem definidos — e por isso, constantemente mal interpretada. Elizabeth não teme falar com franqueza, mesmo em uma sociedade que esperava das mulheres apenas silêncio e sorrisos. Sua atitude nos lembra que ser claro e firme não é um defeito — é uma virtude, especialmente quando guiada pelo respeito e pela verdade. Você já percebeu como algumas pessoas se incomodam quando encontram alguém confiante, que se valoriza e fala claramente o que pensa? Parece que, de repente, autoestima vira defeito. Mas por quê? A verdade é que uma pessoa com autoestima saudável pode, sem querer, funcionar como um espelho para quem ainda não se sente confo...

✨ “Se Deus nos deu voz, por que silenciá-la?”

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  Uma leitura bíblico-literária a partir de A Hora da Estrela e Gênesis 3:16 Durante muito tempo, a inteligência feminina foi motivo de incômodo em muitas culturas — inclusive em algumas interpretações religiosas. Algumas igrejas ainda limitam o espaço da mulher não por falta de fé, mas por medo: medo da liderança feminina, da voz que questiona, da mente que pensa . Mas se Deus não quisesse que a mulher pensasse, não teria dado a ela inteligência, discernimento e sensibilidade . A Bíblia está repleta de mulheres que transformaram a história porque se permitiram ouvir a Deus e agir com coragem — de Débora a Maria, de Ester a Priscila. 📖 Gênesis 3:16 – “Teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará” Esse versículo tem sido usado como argumento para manter mulheres em posição de submissão. Porém, quando lido com cuidado, percebe-se que ele não é um mandamento , mas sim a descrição de uma consequência da queda . Ou seja, Deus não está dizendo o que deveria ser, mas o que...

"Abandone tudo" — quando a fé virou desapego de si mesmo?

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🎭 Fé ou prisão? Quando a Igreja nos pede para abandonar tudo — e o que a literatura tem a dizer sobre isso Há algo profundamente contraditório quando uma igreja, em nome de Deus, exige que uma pessoa abandone sonhos, dons e objetivos como prova de sua fé. O que deveria ser um lugar de liberdade, cura e sentido, muitas vezes se torna um espaço de culpa, cobrança e abandono de si. Mas será que foi pra isso que Jesus morreu? Será que a fé precisa nos encarcerar dentro de quatro paredes e nos afastar de uma vida plena? A literatura, com sua sensibilidade para os dramas humanos, nos mostra que esse conflito não é novo. Vários personagens já viveram esse dilema entre seguir a Deus e ser engolido pela religiosidade vazia. Vamos conhecê-los? 📖 1. Bentinho (Dom Casmurro) — O seminarista contra a própria vontade Bentinho queria viver, amar, estudar, mas sua mãe o empurrou para o seminário porque havia feito uma promessa religiosa. Mesmo sem vocação, ele obedeceu — e o resultado foi ...

Nem toda voz é divina: a importância de discernir — até na igreja

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📖 Reflexões inspiradas em "O Conto da Aia", de Margaret Atwood Em tempos em que a fé anda sendo usada como justificativa para o autoritarismo, uma pergunta ecoa entre os bancos das igrejas e os corações atentos: Devemos obedecer cegamente tudo o que um líder religioso diz? A resposta, por mais simples que pareça, merece profundidade. E, para ajudar nessa reflexão, trago uma obra literária impactante: "O Conto da Aia" ( The Handmaid's Tale ), de Margaret Atwood. Na distopia criada por Atwood, uma teocracia extremista se instala, usando trechos da Bíblia para justificar uma série de abusos contra mulheres e outras pessoas. O mais chocante é perceber como muitos dos personagens seguem essas ordens sem questionar — porque “é a vontade de Deus”. Mas será mesmo? O livro nos alerta sobre o perigo de entregar nossa consciência a outra pessoa , mesmo (ou principalmente) quando essa pessoa usa o nome de Deus para se impor. No mundo real, Jesus foi direto: “Conhe...

O nó do Alinhamento Estratégico na Igreja: Quando o ego aperta os fios da missão

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Você já observou uma igreja que parece cheia de movimento, mas sem direção? Ministérios funcionando, programações sendo realizadas, mas... um sentimento de estagnação espiritual pairando no ar? Isso pode ser sinal de um problema profundo e invisível: o nó do alinhamento estratégico . Esse “nó” acontece quando a visão de igreja que temos não se traduz na prática — e pior, quando ninguém parece disposto a desatar os fios embaraçados. É como se a tapeçaria da missão estivesse sendo tecida por mãos que não se comunicam. Cada uma puxa para um lado, e o pano da unidade começa a se rasgar. Mas por que esse nó se forma? Muitas vezes, o nó nasce do ego. Da dificuldade de ouvir. Do medo de perder o controle. Da vaidade espiritual disfarçada de zelo. Líderes podem, sem perceber, confundir autoridade com inquestionabilidade. Preferem manter as estruturas engessadas do que encarar o processo doloroso de realinhamento — que exige humildade, escuta, revisão de prioridades e, acima de...

Despertar potenciais: uma lição que aprendi com meus pais

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Uma lição aprendida com meu pai e que hoje ensino como mãe, professora, esposa e serva de Deus: liderar é acreditar no que o outro pode se tornar. Hoje, relembrando uma conversa despretensiosa com meu esposo, fui levada de volta a uma das memórias mais marcantes da minha infância. Eu devia ter uns treze anos quando disse ao meu pai que queria um pandeiro. Ele não hesitou. Pegou algumas moedas, foi até o bar do Mário, jogou na velha máquina de caça-níquel e, surpreendentemente, ganhou exatamente o valor necessário: 30 reais. Voltou pra casa com um sorriso e um pandeiro nas mãos. Esse era o meu pai: um homem simples, mas com um olhar atento para os nossos interesses. Sabia que eu gostava de ler, e mesmo sem livros serem acessíveis na época, apareceu um dia com um título que alguém tinha indicado no bar: “Você gosta de ler, então leia” , disse ele, quase como um desafio. Quando minha irmã quis aprender violão, ele comprou um. Ela fez um mês de aula e desistiu, e adivinha quem aprendeu? Eu...

Conflitos, separações e a correção de Deus

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“Mas eu estava certo!” — exclamou Edmundo, ainda ressentido. “Estar certo não é tudo”, respondeu Lúcia com tristeza. “Às vezes, o amor é mais importante.” ( As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa , C.S. Lewis) Essa breve troca entre irmãos em Nárnia nos lembra de uma grande verdade: mesmo quem nos é próximo pode nos ferir, decepcionar — e mesmo assim continuar sendo parte da nossa história. O amor exige mais que ter razão. Exige graça, humildade e, às vezes, a coragem de enfrentar o conflito. Na caminhada cristã — seja em família, amizades ou no ministério — os desentendimentos são inevitáveis. Mas... o que a Bíblia tem a nos ensinar sobre isso? Irmãos em conflito: um retrato bíblico Desde o início da Bíblia vemos conflitos entre irmãos: Caim e Abel, Jacó e Esaú, José e seus irmãos. No Novo Testamento, Paulo e Barnabé discordam a ponto de se separarem. Paulo também repreende Pedro publicamente por sua incoerência em relação aos gentios (Gál...

John Pilgrim e os falsos profetas: quando o púlpito vira palco para o poder

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  Na segunda temporada de The Punisher , John Pilgrim aparece como um homem de fé. Barba alinhada, fala mansa, Bíblia em mãos. Mas por trás da cruz no peito, carrega o peso de uma alma em conflito — e de um passado sujo que insiste em bater à porta. Pilgrim é o típico "salvo" que esqueceu da misericórdia e abraçou o julgamento. Um homem que se diz guiado por Deus, mas que não hesita em matar, torturar e perseguir, tudo em nome de uma moral distorcida e conveniente. Ele é o retrato fiel de um tipo de líder que, infelizmente, também encontramos fora da ficção: aquele que usa a fé como instrumento de controle . Nem sempre com violência física, mas com algo igualmente destrutivo — o assassinato sutil do desejo de servir a Deus nos outros . O poder de matar sem levantar uma arma Sim, é possível matar um ministério, uma vocação, um chamado. Basta sufocar a participação. Basta semear o medo. Basta distorcer a autoridade espiritual. Quando um pastor não delega tarefas , quand...

📣 FOFOCA

Vivemos em tempos em que a informação circula com velocidade, e nem sempre nos damos conta do que realmente estamos compartilhando. Em comunidades, igrejas, grupos de amigos e até nos lares, existe uma linha tênue entre comunicação saudável e fofoca — e muitas vezes ela é cruzada sem percebermos. Mas afinal, o que é fofoca? Será que todo comentário sobre alguém é fofoca? E mais: o que a Bíblia diz sobre isso? 💬 Definindo Fofoca Fofoca não é apenas falar sobre outra pessoa. É falar sobre alguém de forma leviana, negativa ou sem necessidade, especialmente quando essa pessoa não está presente para se defender . Muitas vezes, ela se alimenta de suposições, meias verdades e julgamentos. A fofoca também costuma gerar divisão , desconfiança , e manchar reputações — tudo isso sem resolver nada. 🧭 O que a bíblia diz? A Palavra de Deus é clara sobre os perigos da língua e o cuidado com aquilo que falamos: Provérbios 16:28 – “O homem perverso provoca dissensão, e o que espalha boa...

🦊 Devocional: Cuidando das Raposinhas

📖 Versículo-chave: "Apanhai-nos as raposas, as raposinhas que devastam as vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor." Cânticos 2:15 As “raposinhas” são pequenas ameaças escondidas . Elas representam coisas aparentemente inofensivas, mas que, se não forem identificadas e tratadas, podem minar relacionamentos, destruir a fé, roubar a paz e interromper o crescimento espiritual. Alguns exemplos de "raposinhas" na vida espiritual: O ressentimento não resolvido . A falta de perdão por algo que parece pequeno. Um hábito secreto que você acha que não tem importância. A distração espiritual — quando a oração e a Palavra vão sendo deixadas de lado. O orgulho disfarçado de autossuficiência . Essas pequenas falhas se infiltram na alma como raposinhas entre as videiras. E quando percebemos, o que era florescimento, vira estagnação . 🌿 Aplicação Prática: 🧐 Faça uma autoanálise: Há algo pequeno que você vem ignorando? Existe um hábito ou...

A escrita como expressão da alma e instrumento de transformação

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“Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo.” (Habacuque 2:2) Recentemente, alguém me disse que “não adianta escrever um artigo por semana”, falando a respeito de minhas publicações no Blog devido a um problema que temos enfrentado. Essa frase ecoou dentro de mim. Foi como uma provocação — não no sentido negativo, mas como um chamado. Desde então, tenho sentido Deus falando comigo de maneira intensa, e as palavras simplesmente têm fluído. Tenho escrito praticamente um texto por dia 😉. Não por vaidade, mas porque há algo maior me impulsionando. Há algo urgente a ser dito. Também ouvi críticas sobre o que escrevemos no WhatsApp ou em nossas redes sociais. Dizem que devemos tomar cuidado com o que publicamos — e sim, é verdade que devemos exercer sabedoria. Mas enquanto cristãos, sabemos que não é o que entra pela boca (ou pelos olhos) que contamina, e sim o que sai do coração . A forma como interpretamos o que lemos diz mais sobre os nossos pró...

A amizade entre Frodo e Sam em O Senhor dos Anéis e a amizade entre crentes: Lealdade, Verdade e Submissão mútua

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Em O Senhor dos Anéis, a amizade entre Frodo Bolseiro e Samwise Gamgi transcende a aventura épica e se torna uma poderosa ilustração do que significa amar verdadeiramente o próximo. O vínculo entre os dois não é sempre suave ou romântico — ele é testado, purificado e, acima de tudo, sustentado por lealdade, verdade e humildade. Sam não foi apenas um companheiro de viagem; ele foi um amigo corajoso, disposto a confrontar Frodo quando necessário. Um momento marcante ocorre no livro As Duas Torres, quando Frodo começa a ceder à influência corruptora do Anel. Sam, com firmeza, o exorta e o recorda da missão. Ele não tem medo de contrariá-lo, mesmo amando profundamente seu amigo. Isso nos ensina que amizades verdadeiras envolvem sinceridade, mesmo quando a verdade dói. Como diz Provérbios 27:6: "Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos." Frodo, por sua vez, em alguns momentos resiste, sente-se incompreendido ou até traído. Mas é ne...