Quando ser diferente me ensinou a ser inteira
Na escola, eu era a “gordinha”. Nunca fui a mais convidada, a mais procurada ou a que fazia parte do grupo popular. O bullying que sofri por causa da minha aparência me isolou. E, com isso, veio a solidão. Por muito tempo, a falta de amigos foi um buraco difícil de ignorar. Eu via os outros formando laços, trocando confidências, e me perguntava se algum dia eu também teria esse tipo de afeto.Mas, em casa, eu tinha um aliado. Meu pai. Ele nunca me deixou esquecer que eu era mais do que diziam na escola. Sempre exaltou minhas qualidades — dizia com orgulho que eu era uma excelente aluna, que minhas notas eram impecáveis. Ele se emocionava com minha inteligência, minha dedicação, meu jeito observador e cuidadoso com as palavras. E havia algo que ele nunca cansava de admirar: meu cabelo. "É lindo demais para você cortar", ele dizia. E, por respeito a ele, eu obedecia — talvez porque, naquele elogio persistente, eu encontrava uma forma de amor e proteção que o mundo lá fora me neg...