Sobre insegurança
Neste post, vamos refletir sobre o que a Bíblia diz a respeito de comportamentos inseguros em lideranças, as consequências disso, e como podemos lidar com essa situação à luz das Escrituras.
A insegurança e suas consequências
Quando alguém se sente inseguro devido à capacidade intelectual ou comunicativa de outra pessoa, o primeiro problema que surge é a tendência a se isolar ou afastar a pessoa que causa essa sensação de ameaça. Esse comportamento é particularmente perigoso em um contexto de liderança, pois a pessoa em posição de liderança é chamada a ser um exemplo de humildade, sabedoria e unidade, não de competição ou ciúmes.
Em 1 Coríntios 3:3-4, Paulo alerta a igreja de Corinto sobre a destruição causada pela inveja e pela rivalidade: “Pois, sendo ainda carnais, não andais segundo a carne e sim segundo o espírito? Pois, quando há entre vós inveja, contendas e divisões, não sois carnais e não andais segundo os homens?" Quando uma liderança se sente ameaçada e permite que a insegurança a domine, ela pode gerar divisões dentro da igreja, colocando em risco a unidade e o relacionamento com os membros da comunidade.
Além disso, a insegurança em líderes pode fazer com que se sintam no direito de diminuir ou desvalorizar os outros, especialmente aqueles que possuem maior habilidade intelectual. Isso pode levar a um ambiente tóxico onde o medo, a competitividade e a desconfiança prevalecem, afastando os membros que poderiam contribuir positivamente para o crescimento espiritual da igreja.
O perigo de afastar os outros
Uma consequência direta da insegurança em um líder é o afastamento daqueles que são vistos como "ameaças". Quando um líder não consegue lidar com sua própria insegurança, pode acabar tratando mal aqueles que possuem habilidades superiores em algumas áreas, com medo de que sua autoridade seja desafiada. Isso é extremamente prejudicial para o corpo de Cristo, pois impede que o potencial dos outros seja usado para o bem da igreja.
Em Lucas 9:49-50, vemos um exemplo interessante de como os discípulos de Jesus lidaram com a ideia de competição. João disse a Jesus: “Mestre, vimos alguém que em teu nome expelia demônios, mas nós o proibimos, porque não anda conosco.” A resposta de Jesus foi clara: “Não o proibais, pois quem não é contra vós é por vós.” Jesus estava ensinando a Seus discípulos a evitar a mentalidade de exclusão e ciúmes, mostrando que o Reino de Deus não é construído pela competição, mas pela cooperação e acolhimento.
Quando líderes inseguros afastam aqueles que poderiam contribuir para o crescimento da igreja, estão agindo de maneira contrária à unidade e ao propósito de Cristo. A Bíblia nos ensina que todos têm algo a oferecer para a edificação do corpo (Efésios 4:11-16), e que ninguém deve ser excluído ou desvalorizado por suas habilidades.
O Exemplo de Jesus: servir com humildade
A insegurança em um líder surge muitas vezes de um entendimento distorcido do papel da liderança. Ao invés de ver a liderança como um meio de servir aos outros, o líder inseguro pode ver seu papel como uma forma de manter o controle ou garantir a supremacia intelectual. No entanto, Jesus nos dá um exemplo contrário: a verdadeira liderança é marcada pela humildade e pelo serviço.
Em João 13:12-17, Jesus lavou os pés de Seus discípulos, um ato de humildade extrema que contrariava as expectativas da época sobre o papel do líder. Jesus nos ensina que a liderança verdadeira é aquela que coloca os outros em primeiro lugar, que busca o bem-estar dos outros sem se preocupar com status ou reconhecimento. Em Mateus 20:26-28, Ele diz: “Quem quiser tornar-se grande entre vós será vosso servo, e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso escravo.” A liderança cristã não é sobre dominar, mas sobre servir.
Assim, quando um líder se sente ameaçado, é necessário que ele lembre que o maior exemplo de liderança é Jesus, e que, ao invés de competir com os outros, ele deve se submeter a Cristo e buscar servir aos outros com humildade.
A Bíblia alerta contra o orgulho e a inveja
Deus é claro em Sua Palavra ao alertar sobre o orgulho, a inveja e a divisão que esses sentimentos causam. Em Provérbios 16:18, encontramos: “A soberba precede a queda, e a altivez do espírito precede a ruína.” A insegurança em um líder, se não tratada, pode se transformar em orgulho, levando-o a desvalorizar os outros ou a não admitir suas próprias limitações. Isso pode afastar os membros da igreja e prejudicar o ambiente de comunhão.
Além disso, Tiago 3:16 nos adverte: “Onde há inveja e espírito faccioso, aí há confusão e toda obra perversa.” A insegurança em um líder, quando alimentada por inveja, cria divisões, prejudicando não só os relacionamentos dentro da igreja, mas também a eficácia da missão de Cristo. O Espírito de Deus, que deve unir os membros do corpo de Cristo, é contrariado pelo espírito de competitividade e orgulho.
A Bíblia nos oferece um caminho claro para superar a insegurança e os sentimentos de ameaça. O apóstolo Paulo nos lembra em 2 Coríntios 3:5: “Não que sejamos capazes, por nós mesmos, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa suficiência vem de Deus.” Quando entendemos que nossa capacidade e nosso valor não vêm de nós, mas de Deus, podemos relaxar em Sua graça e focar em servir os outros, não competir com eles.
Além disso, devemos nos lembrar que a segurança verdadeira vem de nossa identidade em Cristo. Como Paulo diz em Gálatas 2:20, “Já estou crucificado com Cristo; logo, não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim.” Quando nossa identidade está firmada em Cristo, não há razão para nos sentirmos ameaçados pelos outros, pois a nossa vida e propósito são encontrados Nele.
A insegurança em líderes dentro da igreja é um problema sério, pois pode gerar divisões e afastar aqueles que Deus deseja usar para edificar o corpo de Cristo. No entanto, a Bíblia nos ensina que, ao invés de nos sentirmos ameaçados, devemos cultivar a humildade, confiar na suficiência de Cristo e buscar a unidade no corpo. Como líderes, devemos ser exemplos de serviço e humildade, sabendo que nossa capacidade e nosso valor vêm de Deus, e não das nossas próprias habilidades. Ao fazer isso, criaremos um ambiente onde todos os membros, independentemente de suas habilidades, possam crescer juntos em Cristo e contribuir para o Seu Reino.
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