Crescer





Durante uma atividade de leitura com meus alunos, me lembrei de uma das cenas mais icônicas de Alice no País das Maravilhas: o momento em que Alice cresce e encolhe ao comer o bolo e beber o líquido misterioso. Essa passagem, além de ser um dos marcos visuais mais lembrados da obra, simboliza algo muito maior—o próprio processo de amadurecimento.

Alice, ao longo da história, experimenta mudanças bruscas de tamanho, e isso reflete a transição da infância para a adolescência. Ela se sente ora pequena e impotente diante dos desafios, ora grande e deslocada em um mundo que parece não fazer sentido. E não é exatamente assim que nos sentimos quando crescemos? Entre a insegurança e a necessidade de nos ajustarmos, muitas vezes parecemos estar "grandes demais" para certas situações ou "pequenos demais" para outras.

Isso me fez pensar no que realmente significa amadurecer. No começo da vida, precisamos que nos corrijam, nos guiem, nos digam o que é certo e errado. Mas chega um momento em que percebemos, por nós mesmos, que certas atitudes precisam mudar. E é aí que entra um amadurecimento mais profundo—aquele que vem de dentro, do discernimento e da transformação verdadeira.

No livro, Alice se adapta, experimenta, aprende. E, no fim, encontra seu próprio caminho em meio ao caos do País das Maravilhas. Da mesma forma, o crescimento espiritual envolve reconhecer que podemos mudar, que não estamos presos ao que fomos ontem e que Deus nos conduz nessa jornada. Assim como Alice descobre que as regras do mundo ao seu redor não são fixas, nós também descobrimos que a verdadeira liberdade não está em agradar os outros, mas em viver conforme a identidade que Deus nos deu.

Que possamos crescer, não como quem apenas segue ordens externas, mas como quem reconhece, dentro de si, o chamado para ser transformado. Afinal, Deus fala conosco nesse processo, e cada mudança, cada amadurecimento, nos leva para mais perto d’Ele.



Quando somos crianças, aprendemos observando, ouvindo e imitando. Nossos pais, professores e pessoas ao nosso redor exercem um papel fundamental nesse processo. Muitas vezes, é necessário que alguém nos diga que aquilo que fizemos não foi legal, que determinada atitude não é aceitável, ou que existem formas melhores de agir e reagir. Esses ensinamentos nos moldam, nos orientam e, com o tempo, nos conduzem ao amadurecimento.

Mas há um momento precioso nessa caminhada: quando finalmente percebemos por nós mesmos que algo em nossa maneira de agir não está certo. É como se uma luz se acendesse dentro de nós, uma consciência despertasse, e então somos capazes de não apenas reconhecer o erro, mas desejar transformá-lo. Isso é crescer.

É libertador quando compreendemos, com a ajuda do Espírito Santo, que podemos reagir de outra forma. Deus, como Pai amoroso, nos corrige, não para nos envergonhar, mas para nos formar. Ele não deseja que sejamos eternamente dependentes da repreensão externa, mas que desenvolvamos discernimento e sabedoria interior. A Palavra nos ensina que “o Senhor corrige a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem” (Provérbios 3:12). Porém, à medida que amadurecemos, passamos a ouvir a voz de Deus diretamente em nosso coração, nos conduzindo à mudança.

O crescimento espiritual é exatamente isso: não é apenas evitar o erro por medo da reprovação, mas entender o porquê de evitar, reconhecer a beleza da obediência e a liberdade de escolher o bem. Crescer é permitir que Deus nos molde por dentro, para que nossas ações sejam reflexo do caráter d’Ele, e não imposições externas.

E quando nos damos conta de que podemos mudar, que não estamos presos ao que fomos ontem, que podemos reagir de maneira diferente hoje, então experimentamos a verdadeira liberdade que há em Cristo. Isso é crescer. E Deus fala comigo... e com você, nesse processo.

Mas há um momento precioso nessa caminhada: quando finalmente percebemos por nós mesmos que algo em nossa maneira de agir não está certo. É como se uma luz se acendesse dentro de nós, uma consciência despertasse, e então somos capazes de não apenas reconhecer o erro, mas desejar transformá-lo. Isso é crescer.

E junto com esse amadurecimento, vem uma outra liberdade: a de não precisar provar nada para ninguém. Crescer é entender que nossa identidade está em Cristo, não na opinião dos outros. Não precisamos viver sob o peso de expectativas humanas, tentando justificar nossas escolhas ou conquistas. Viver sem essa necessidade é leveza, é paz, é maturidade. 

Embora a liberdade de não precisar provar nada para ninguém seja um sinal de maturidade, isso não significa desconsiderar o próximo. Nossa identidade pode estar firmada em Cristo, mas vivemos em comunidade, e nossas escolhas impactam aqueles ao nosso redor. Respeitar e considerar as expectativas dos outros não significa viver aprisionado a elas, mas sim exercer empatia e amor ao próximo. Maturidade também é saber equilibrar a autenticidade com a responsabilidade de viver em harmonia com os outros, sem que a liberdade individual se torne indiferença.


Quando compreendemos que Deus nos vê, nos conhece e nos ama profundamente, nosso coração encontra descanso. Já não é necessário buscar aprovação em todos os lugares, porque já fomos aceitos por Aquele que verdadeiramente importa. Isso é crescer. Isso é viver em liberdade.

Embora saber que Deus nos vê, nos conhece e nos ama profundamente traga descanso ao coração, isso não significa que a busca por aprovação seja sempre negativa. Como seres relacionais, precisamos do olhar do outro para crescer, aprender e evoluir. O reconhecimento e a validação fazem parte da construção da identidade e do convívio social. Viver em liberdade não é ignorar a influência e o impacto das nossas ações sobre os demais, mas sim encontrar um equilíbrio entre a segurança em Deus e a valorização das relações humanas. Deus fala conosco, mas também nos ensina por meio do próximo.


A relação entre esses dois pontos — reconhecer por si mesmo a necessidade de mudar e não precisar provar nada para ninguém — é profundamente ligada ao amadurecimento pessoal e espiritual.

Quando somos imaturos, muitas das nossas atitudes são guiadas pela necessidade de aprovação externa. Precisamos que alguém nos corrija, que nos diga o que fazer, e muitas vezes, agimos ou mudamos apenas para agradar ou provar algo para os outros. Nesse estágio, ainda estamos presos à validação alheia.

Porém, à medida que crescemos, começamos a agir por convicção interna e não mais por pressão externa. Quando você reconhece, por si mesmo, que algo em sua atitude precisa mudar e escolhe agir diferente, isso não é mais sobre "mostrar para os outros", mas sobre ser verdadeiro consigo mesmo e com Deus. 

Da mesma forma, quando você entende que não precisa provar nada a ninguém, você deixa de se mover pela cobrança dos outros e passa a se mover pelo que é correto, pelo que edifica, pelo que Deus fala ao seu coração. Ambas as posturas são sinais de maturidade: você não muda por obrigação ou medo de julgamento, mas por liberdade e discernimento, e isso te liberta também da necessidade de provar qualquer coisa a quem quer que seja.

Em resumo:

  • Reconhecer suas falhas por si mesmo é crescer em discernimento.
  • Não precisar provar nada é crescer em identidade e segurança em Deus.

Ambas são manifestações da liberdade que há em Cristo e da profundidade do relacionamento que você desenvolve com Ele. Crescer, nesse contexto, é ouvir a voz de Deus dentro de si e viver conforme ela, livre de pressões externas.

No entanto, é importante lembrar que quem promove o verdadeiro arrependimento é o próprio Deus. Como diz 2 Coríntios 7:10:

"Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte."

O arrependimento genuíno não é apenas um sentimento de culpa, mas uma mudança real de pensamento e comportamento. Quando Deus nos leva ao arrependimento, isso se manifesta em atitudes como:

  • Confissão sincera (1 João 1:9) – Reconhecer os erros diante de Deus e buscar Seu perdão.
  • Mudança de caminho (Atos 3:19) – Abandonar práticas erradas e buscar uma nova vida conforme a vontade de Deus.
  • Frutos de arrependimento (Mateus 3:8) – Demonstrar essa transformação por meio de ações justas, amor ao próximo e compromisso com a verdade.

Crescer espiritualmente, portanto, não é apenas sobre liberdade e identidade, mas também sobre permitir que Deus transforme nosso coração, nos conduzindo a uma vida que reflita Seu caráter.



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