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Mostrando postagens de março, 2025

A Verdade deve ser defendida, mas com amor

C.S. Lewis, em Cristianismo Puro e Simples , apresenta o cristianismo como uma fé racional, fundamentada na verdade e na transformação do caráter. No entanto, a busca pela verdade nunca deve ser separada do amor e do respeito. Muitos cristãos enfrentam dilemas sobre quando questionar e quando calar diante de situações que parecem fugir da ordenação bíblica. Mas será que questionar é sempre desrespeitoso? Lewis argumenta que a fé cristã não é uma mera opinião, mas uma realidade objetiva que exige posicionamento. No entanto, ele também destaca que a virtude cristã não se resume apenas à doutrina correta, mas à vivência do amor ao próximo. Efésios 4:15 nos orienta a falar a verdade em amor. Isso significa que a correção é necessária, mas sua eficácia depende da forma como é feita. A Bíblia nos dá exemplos claros de confronto respeitoso. Paulo repreendeu Pedro publicamente (Gálatas 2:11-14), mas não para humilhá-lo, e sim para corrigir uma incoerência que prejudicava o Evangelho. Por ou...

Se o teu olho te faz pecar, arranca-o fora

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Uma jornada para fora da inveja Se você já leu O Senhor dos Anéis, de J. R. Tolkien sabe que o Frodo começou sua jornada carregando um fardo enorme—o Um Anel. No início, ele achava que conseguia lidar com aquilo, mas, conforme a viagem avançava, o peso se tornava insuportável. O Anel mexia com sua mente, distorcia sua visão da realidade e fazia com que ele enxergasse os amigos como inimigos.   Há um tempo, eu carregava um fardo parecido, mas o nome dele era inveja. Trabalhava das 7h às 23h, tinha pequenos intervalos, mas, no geral, minha vida era só trabalho. Enquanto isso, eu via fotos dos irmãos da igreja se reunindo e me sentia mal. Invejava. Sentia ciúmes. "Por que não estou ali?" Então Deus me mostrou algo que eu não queria ver: o problema não era os outros, era eu. Ele me lembrou das palavras de Jesus: "Se teu olho te faz pecar, arranca-o fora." (Marcos 9:47). Se olhar para aquelas fotos me fazia invejar, o erro estava no meu coração. Eu precisava ...

Arrogância

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  A arrogância e o perigo de um coração Fechado – Reflexões a partir de As Crônicas de Nárnia A arrogância é um traço que pode dar a falsa impressão de poder e superioridade, mas, na realidade, traz mais perdas do que ganhos. Muitos se agarram a essa postura acreditando que, assim, serão mais respeitados ou manterão o controle das situações. No entanto, a arrogância nos isola, impede nosso crescimento e nos coloca em constante conflito com os outros – e com Deus. Nas Crônicas de Nárnia , C.S. Lewis ilustra brilhantemente o impacto da arrogância por meio de personagens que, em sua soberba, acabam se afastando da verdade e do bem. Um exemplo claro é Eustáquio, em A Viagem do Peregrino da Alvorada . No início, ele se acha superior aos outros, despreza Nárnia e age com prepotência. Sua arrogância, porém, o leva a uma dura consequência: ele se transforma em um dragão, um reflexo externo de seu interior endurecido. Somente ao reconhecer sua condição e permitir que Aslam o transforme, e...

Hora de voar

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Outro dia, durante a leitura com meus alunos de  O Pequeno Príncipe  pensei na forma como ele nos ensina sobre humildade, aprendizado e escuta. Uma das passagens que sempre me marcou é quando o Pequeno Príncipe encontra o rei no primeiro planeta que visita. O rei se considera um governante absoluto, mas, no fundo, suas ordens só são dadas quando têm sentido. Quando o príncipe boceja, ele lhe ordena que boceje, e quando ele para, o rei lhe pede que boceje de novo. Ou seja, suas "ordens" são apenas adequações à realidade, e ele, na verdade, não tem o controle que pensa ter. Essa cena me faz pensar sobre como, muitas vezes, resistimos a ser corrigidos. Achamos que já sabemos o suficiente, que nossa posição—seja na igreja, no lar, no trabalho—nos dá um certo direito de não sermos exortados. Mas a verdade é que ninguém está acima do aprendizado. O Pequeno Príncipe, ao longo de sua jornada, encontra personagens que representam aspectos da humanidade: o vaidoso que só quer elogio...

Crescer

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Durante uma atividade de leitura com meus alunos, me lembrei de uma das cenas mais icônicas de Alice no País das Maravilhas : o momento em que Alice cresce e encolhe ao comer o bolo e beber o líquido misterioso. Essa passagem, além de ser um dos marcos visuais mais lembrados da obra, simboliza algo muito maior—o próprio processo de amadurecimento. Alice, ao longo da história, experimenta mudanças bruscas de tamanho, e isso reflete a transição da infância para a adolescência. Ela se sente ora pequena e impotente diante dos desafios, ora grande e deslocada em um mundo que parece não fazer sentido. E não é exatamente assim que nos sentimos quando crescemos? Entre a insegurança e a necessidade de nos ajustarmos, muitas vezes parecemos estar "grandes demais" para certas situações ou "pequenos demais" para outras. Isso me fez pensar no que realmente significa amadurecer. No começo da vida, precisamos que nos corrijam, nos guiem, nos digam o que é certo e errado. Mas c...

Pertencimento exige participação: Família, Trabalho e Igreja

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O senso de pertencimento não é algo que surge automaticamente – ele é construído por meio da participação ativa. Seja na família, no trabalho ou na igreja, o envolvimento direto fortalece a identidade e o compromisso. Quando alguém apenas observa, sem contribuir, sua conexão com o grupo se torna frágil e superficial. Uma liderança centralizadora, que apenas comunica decisões sem envolver o grupo no processo, pode dificultar ainda mais a construção de identidade e engajamento. Quando as pessoas não se sentem ouvidas nem têm espaço para contribuir, elas tendem a assumir um papel passivo, tornando-se apenas executoras em vez de participantes ativos. No contexto da igreja, por exemplo, uma liderança que não incentiva o envolvimento dos membros pode gerar desmotivação e até afastamento, pois sem participação real, a sensação de pertencimento se enfraquece. O modelo bíblico de liderança é colaborativo—Jesus não apenas ensinava, mas delegava responsabilidades aos discípulos, perm...

Agradar os outros: o perigo da busca por reconhecimento

Assim como uma árvore floresce naturalmente, sem exigir aplausos ou reconhecimento, o cristão deve agir por amor, pois essa é sua essência em Cristo. A árvore não escolhe para quem dá sombra, não cobra para perfumar o ambiente e não se ofende se alguém passa por ela sem notar sua beleza. Ela simplesmente cumpre seu propósito. Da mesma forma, Cristo nos ensina a amar, servir e doar sem esperar retorno . Ele curou muitos que depois O esqueceram, ensinou multidões que mais tarde O abandonaram, deu a vida por aqueles que O rejeitaram. Ainda assim, Ele permaneceu fiel à Sua missão, pois o verdadeiro amor não se move por reconhecimento, mas por essência . Quando entendemos isso, servimos com leveza, sem ressentimentos, sem cobranças. Como uma árvore que floresce porque essa é sua natureza, vivemos para glorificar a Deus, amando porque fomos amados primeiro (1 João 4:19). E assim, como árvores plantadas junto às águas (Salmo 1:3), permanecemos firmes, frutificando no tempo certo, confiando...