A bolsa amarela... pássaros... qual a relação?




Enquanto lia A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga (1976), me deparei com um trecho que parece escrito para hoje. O galo da história, que NÃO queria ser chefe do galinheiro, que queria cantar alto e ser diferente, foi chamado de “danado” e acabou preso para aprender a não ser como era. O castigo? Um quartinho escuro. A culpa? Querer pensar com a própria cabeça e expressar sua natureza.

Na hora, me veio um estalo: quantas vezes somos punidos por simplesmente querer ser quem somos? Quantas vezes empresas, patrões, cônjuges, igrejas e até escolas tratam como “rebeldia” o simples desejo de fazer diferente?

Em muitas empresas, o funcionário que propõe um novo caminho é visto como problema. Nas famílias, o cônjuge que questiona padrões é acusado de ingratidão. Em igrejas, quem ousa pensar fora da caixa é considerado insubmisso. E nas escolas, o aluno criativo vira o "indisciplinado".

Ao dizer que empresas, cônjuges, igrejas e escolas tratam a liberdade como rebeldia, pode parecer que toda e qualquer forma de autoridade está errada ou é opressora — o que não é o caso biblicamente. A Bíblia ensina a respeitar autoridades (Romanos 13), mas também mostra que líderes podem abusar desse poder

Infelizmente, quando a liberdade é confundida com rebeldia, há quem tente controlar até mesmo o que é dom de Deus: a criatividade, a reflexão, a ousadia. Mas a verdadeira autoridade — como a de Cristo — acolhe, ouve, orienta com amor, e não sufoca. Há líderes, cônjuges, professores e patrões que agem como Cristo. Mas também há sistemas e estruturas humanas que nos prendem por medo da liberdade. Aí, precisamos lembrar: fomos feitos para mais.

Mas... e se isso tudo não for rebeldia? E se for liberdade?

Deus não nos criou para sermos máquinas de repetição. Ele nos fez inteligentes, sensíveis, criativos — como Ele é. Gênesis nos mostra um Criador que fala, que imagina, que dá forma (Gênesis 1:26-27). E quando nos fez à Sua imagem, nos entregou essa capacidade divina de criar, transformar e questionar.

O profeta Jeremias nos lembra: “Antes de formá-lo no ventre, eu o escolhi; antes de você nascer, eu o separei” (Jeremias 1:5). Deus quer que sejamos únicos, com propósitos e dons particulares, não clones obedientes.

No mesmo fim de semana, li uma frase que me atravessou: “ Somente pássaros presos precisam receber alimento.” É verdade. Quem está engaiolado — seja fisicamente, emocionalmente ou espiritualmente — precisa de alimento constante, porque perde a força de buscar por si só. A prisão mata o voo, mas também a fome de viver.

Por isso, quando você sente que não se encaixa, que sua forma de pensar incomoda, que suas perguntas causam silêncios — respire. Talvez não seja erro. Talvez seja o galo dentro de você querendo cantar, querendo viver fora da gaiola.

Jesus disse: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Não se esconda. Não deixe que te calem.

Você não foi feito para apenas repetir. Foi feito para criar e ser livre.


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