"deus" de Spinoza Não é quem Eu sou. "Eu sou"




 A filosofia de Baruch Spinoza pode ser vista como uma tentativa de compreender Deus de forma racional e afastada das disputas e dogmatismos religiosos que marcavam sua época. Nascido no século XVII, no contexto do judaísmo sefardita em Amsterdã, Spinoza viveu em um período de intensos conflitos religiosos e sociais, incluindo a Reforma Protestante, a Contrarreforma Católica e tensões internas no judaísmo. Ele foi excomungado da comunidade judaica por suas ideias, indicando a resistência religiosa ao seu pensamento inovador.


O Contexto Histórico

Spinoza viveu em uma época em que religião e política eram inseparáveis. As doutrinas religiosas eram usadas tanto para justificar regimes políticos quanto para perseguir dissidentes. A intolerância religiosa, as guerras santas e o controle clerical sobre a vida das pessoas causavam profundas divisões e opressões. Nesse cenário, Spinoza buscou criar uma filosofia que explicasse Deus e o universo de forma racional e universal, afastando-se do dogmatismo e da autoridade institucional.

Ele rejeitou a visão tradicional de Deus como um ser pessoal que governa soberanamente, optando por um conceito de Deus como a própria natureza, eterno e impessoal. Embora tenha procurado eliminar o peso das disputas religiosas de sua época, sua filosofia teve o efeito colateral de retirar Deus de seu papel como soberano e legislador moral.


O Perigo da Filosofia de Spinoza Hoje

A filosofia de Spinoza, ao reduzir Deus à natureza e negar sua personalidade, pode ser atraente para aqueles que desejam reconhecer a ideia de Deus sem se submeter à sua autoridade e às exigências de obediência. No entanto, isso entra em conflito com a revelação bíblica, que apresenta Deus como um ser pessoal, soberano e justo, que exige nossa adoração e obediência.

A Bíblia ensina que Deus não é apenas o Criador, mas também o Legislador e Juiz:

  • "Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam." (Salmos 24:1)
  • "Eu sou o Senhor, e não há outro; além de mim não há Deus." (Isaías 45:5)
  • "Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra." (Habacuque 2:20)

Esses textos ressaltam a soberania, exclusividade e majestade de Deus, características que a filosofia de Spinoza minimiza ou ignora.


A Tentação de Fugir da Autoridade Divina

Adotar uma visão de Deus semelhante à de Spinoza pode ser uma tentativa de conciliar a crença em Deus com uma autonomia moral que nega sua autoridade. No entanto, a Bíblia nos adverte contra a idolatria de ideias que moldam Deus à nossa imagem:

  • "Trocaram a verdade de Deus pela mentira e adoraram e serviram coisas e seres criados em lugar do Criador." (Romanos 1:25)

Ao reduzir Deus a uma força impessoal ou a um princípio natural, caímos na armadilha de construir um deus que não nos exige nada, mas que também não pode nos salvar. Spinoza buscava liberdade intelectual, mas a verdadeira liberdade só é encontrada na obediência a Deus:

  • "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32)

Conclusão

Embora a filosofia de Spinoza seja uma resposta ao contexto conturbado de sua época, ela oferece uma visão de Deus que é incompatível com a revelação bíblica. Devemos ter cuidado ao lidar com tais ideias, pois podem nos levar a uma compreensão distorcida de Deus, privando-nos da alegria e da paz que vêm de nos rendermos completamente a Ele. Deus nos chama a uma relação de amor e obediência, e não a uma aceitação intelectual desprovida de compromisso. Como o profeta Miqueias declarou:

  • "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus." (Miqueias 6:8)

A teoria de Deus de Spinoza, apresentada em sua obra Ética, é profundamente diferente da teologia reformada em aspectos centrais, tanto em sua concepção de Deus quanto nas implicações éticas e práticas. Eis alguns dos principais pontos de divergência:


1. Concepção de Deus

  • Spinoza: Deus é identificado com a natureza (panteísmo). Para ele, Deus é a substância única e infinita que se manifesta em todos os aspectos do universo. Deus não é um ser pessoal, mas a causa imanente de todas as coisas.
  • Teologia reformada: Deus é transcendente, pessoal, e distinto da criação. Ele é um ser consciente, relacional e que atua soberanamente na história.

2. Natureza da Criação

  • Spinoza: A criação não é um ato deliberado de Deus, mas uma expressão necessária de sua essência. Tudo no universo é uma manifestação de Deus, não havendo distinção entre Criador e criação.
  • Teologia reformada: A criação é um ato livre e intencional de Deus. Ele cria o universo do nada (ex nihilo) e o sustenta sem se confundir com ele.

3. Revelação e Escritura

  • Spinoza: Ele tinha uma visão crítica da revelação bíblica, considerando-a uma obra humana com valor moral e social, mas não literal ou divina. A Bíblia, para ele, é útil para orientar a sociedade, mas não é infalível.
  • Teologia reformada: A Bíblia é a Palavra de Deus, inspirada e autoritativa, sendo a fonte principal para a teologia e a prática cristã.

4. Providência e Milagres

  • Spinoza: Ele nega os milagres, entendendo-os como eventos que se explicam por leis naturais, mesmo que ainda não compreendidas. A providência divina é vista como a ordem natural.
  • Teologia reformada: A providência é o governo soberano de Deus sobre todas as coisas. Milagres são intervenções diretas de Deus no curso natural da história.

5. Ética e Salvação

  • Spinoza: O bem supremo é o conhecimento de Deus como a natureza. A salvação é alcançada por meio da razão e do amor intelectual a Deus, sem necessidade de fé religiosa.
  • Teologia reformada: A salvação é um dom de Deus, obtido pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo. A ética cristã está baseada no amor a Deus e ao próximo, conforme revelado nas Escrituras.

6. Pecado e Redenção

  • Spinoza: Não há conceito de pecado no sentido teológico. O mal e o pecado são explicados como falta de conhecimento ou entendimento da ordem natural.
  • Teologia reformada: O pecado é uma ofensa moral contra Deus, e a redenção só é possível através do sacrifício de Cristo.

Essas diferenças mostram como Spinoza propõe uma visão filosófica e naturalista de Deus, enquanto a teologia reformada mantém uma perspectiva teísta e cristocêntrica, fundamentada na fé e na revelação.


A concepção de Deus de Spinoza, ao identificar Deus com a Natureza (panteísmo), elimina características fundamentais da teologia cristã reformada, como a soberania, transcendência e outros atributos tradicionais de Deus. Aqui estão alguns exemplos de como isso acontece:


1. Soberania

  • Spinoza: Deus não é um ser pessoal que exerce controle soberano sobre o universo. Em vez disso, tudo o que existe e acontece é uma expressão necessária da essência de Deus. Não há espaço para a vontade deliberada ou decretos soberanos.
  • Teologia reformada: Deus é soberano sobre toda a criação, governando-a com propósito e vontade. Ele decreta e sustenta tudo conforme seu plano eterno.

2. Personalidade de Deus

  • Spinoza: Deus não é pessoal, não possui emoções, vontade ou consciência no sentido humano. Ele não se relaciona com os seres humanos como um Pai ou Senhor.
  • Teologia reformada: Deus é pessoal, relacional e interage com a humanidade. Ele revela sua vontade, ouve orações e se preocupa com a criação.

3. Transcendência

  • Spinoza: Ao equiparar Deus à natureza, Spinoza elimina a distinção entre Criador e criação. Deus não está "acima" ou "fora" do universo, mas é o próprio universo em sua totalidade.
  • Teologia reformada: Deus é transcendente, distinto de sua criação, mas também imanente, sustentando e interagindo com ela. Ele está acima de tudo, mas próximo de sua criação.

4. Imutabilidade e Livre-Arbítrio

  • Spinoza: Deus não muda nem escolhe livremente; ele age necessariamente conforme sua natureza. Isso retira a ideia de um Deus que toma decisões soberanas na história.
  • Teologia reformada: Deus é imutável, mas também age livremente e de forma soberana. Ele intervém na história e realiza seus propósitos conforme sua vontade.

5. Amor e Graça

  • Spinoza: Deus não ama no sentido emocional ou intencional. O "amor a Deus" é uma compreensão intelectual da ordem universal, não uma relação pessoal.
  • Teologia reformada: Deus ama pessoalmente sua criação e oferece graça imerecida aos pecadores. O amor de Deus é um dos atributos centrais da teologia cristã.

Resumo

Na visão de Spinoza, Deus é uma realidade impessoal, imanente e necessária, desprovida de vontade, soberania e atributos pessoais. Isso contrasta radicalmente com a visão reformada de um Deus soberano, pessoal, amoroso e envolvido na história da redenção.

Consequências...

A adoção da filosofia de Spinoza ou de uma visão semelhante, que redefine Deus como impessoal e elimina sua soberania, pode trazer várias consequências significativas para a vida de uma pessoa. Essas consequências afetam a espiritualidade, a moralidade e o senso de propósito.


1. Perda de Relacionamento Pessoal com Deus

Na visão bíblica, Deus é um ser pessoal que busca um relacionamento amoroso e íntimo com os seres humanos. A filosofia de Spinoza, ao reduzir Deus a uma força ou princípio natural, elimina essa dimensão relacional.

  • Isso pode levar a uma vida espiritual vazia, onde Deus é visto como distante ou irrelevante, em vez de um Pai amoroso que ouve, guia e consola.
  • Texto bíblico: "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós." (Tiago 4:8)

2. Relativismo Moral

Se Deus é apenas a natureza ou um princípio impessoal, não há uma fonte absoluta para o bem e o mal. Isso pode levar ao relativismo moral, onde cada indivíduo decide o que é certo ou errado com base em preferências pessoais ou contextos culturais.

  • Sem a autoridade divina como padrão moral, o pecado deixa de ser visto como uma ofensa a Deus, e a responsabilidade perante Ele é ignorada.
  • Texto bíblico: "Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem mal, que fazem das trevas luz e da luz trevas." (Isaías 5:20)

3. Sentimento de Vazio e Desesperança

A visão de Spinoza elimina a esperança de redenção e propósito eterno. Sem um Deus pessoal que governa com sabedoria e amor, o universo pode parecer indiferente e sem sentido, o que pode levar ao vazio existencial.

  • A promessa de vida eterna e a segurança de que Deus está no controle são elementos fundamentais da fé cristã, ausentes na visão de Spinoza.
  • Texto bíblico: "Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança." (Jeremias 29:11)

4. Resistência à Obediência e à Transformação

A filosofia de Spinoza pode atrair aqueles que desejam reconhecer a existência de Deus sem se submeter à sua autoridade. No entanto, essa recusa em obedecer e se render impede o crescimento espiritual e a transformação moral.

  • A Bíblia ensina que a verdadeira liberdade e paz vêm da obediência a Deus e do conformar-se à sua vontade.
  • Texto bíblico: "Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês." (Tiago 4:7)

5. Dificuldade em Enfrentar o Sofrimento

Sem um Deus pessoal que governa soberanamente e trabalha todas as coisas para o bem daqueles que o amam, o sofrimento pode parecer arbitrário e sem propósito. A filosofia de Spinoza não oferece conforto ou esperança em meio às dificuldades.

  • Texto bíblico: "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados segundo o seu propósito." (Romanos 8:28)

6. Falta de Consciência do Juízo Final

Spinoza rejeita a ideia de um Deus que julga. Isso pode levar a uma visão de vida sem responsabilidade última, incentivando uma atitude de negligência espiritual. No entanto, a Bíblia afirma que todos prestarão contas a Deus.

  • Texto bíblico: "Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo." (2 Coríntios 5:10)

Conclusão

Adotar a visão de Deus proposta por Spinoza pode trazer consequências espirituais profundas e prejudiciais, ao afastar a pessoa de um relacionamento vivo e obediente com Deus. Essa filosofia priva o indivíduo da esperança, da direção moral e do consolo que só um Deus pessoal pode oferecer.
Como ensina Provérbios:

  • "Confia no Senhor de todo o teu coração e não te apoies no teu próprio entendimento." (Provérbios 3:5)

A verdadeira sabedoria e plenitude estão em reconhecer Deus como soberano e pessoal, rendendo-se à sua autoridade e experimentando a vida abundante que Ele promete.

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